terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Casando de "papel passado"!

Outro dia eu estava pensando: "casar de papel passado" para que?
Não estou recriminando quem decide conviver somente a partir da formalização da união, pois acredito que casar é uma experiência que todos deveriam vivenciar.
Mas efetivamente, qual seria a verdadeira importância do “papel” em uma união? 
Também não estou falando dos aspectos jurídicos, afinal estes termos não se discutem e nem tão pouco são o cerne daquilo que pretendo escrever.
Estou falando de compromisso, de comprometimento, de laços que vão além de qualquer documento.
Diante de tudo isso, eu pergunto: será que o compromisso só começa de verdade na hora em que se assina o dito “papel”?
As opiniões podem variar de acordo com o momento da vida em que nos encontramos, daquilo que já se viveu (ou não), da importância que se dá para os padrões estabelecidos pela sociedade, da importância que o papel assume para o casal, da representatividade perante a família.
Mas ignorando as questões sociais, qual seria o significado da assinatura da certidão de casamento perante um juiz para o sentimento que envolve o casal?
Será que existência (ou não) do compromisso escrito é algo que pode significar tanto ao ponto de comprometer a felicidade de um casal?
Será que “tudo começa” a partir da assinatura do “papel”?
Na minha modesta opinião, não.
Eu acredito que existem coisas que devem ser formalizadas.
Mas o amor não pode ser formalizado.
Eu não estou falando de um padrão nem de etiqueta. Eu estou falando de sentimento.
Se a formalização da união garantisse felicidade, não haveria divórcios, pois  entendo que esta formalização não garante a duração da mesma.
Mesmo assim, eu acho lindo quem tem essa coragem, quem assume esse papel publicamente. Quem registra esse ato “até que a morte os separe”.
Mas sinceramente, eu aprendi na pele que a formalização de uma união não prescinde necessariamente o registro de uma certidão num cartório.
Eu não acredito no "papel", porque na minha opinião, formalizar uma união requer muito mais que um documento. 
Na realidade, requer um conjunto de sentimentos que existirão independentemente de qualquer documento:
Primeiramente requer vontade, muita vontade aliada a uma dose extra de paciência, temperada com amor, tolerância, autocrítica e respeito.
Requer um inexplicável desejo de seguir em frente juntos apesar das dificuldades, uma capacidade de permanecer no momento em que tudo o que mais se quer é sair correndo!
Uma vontade de fazer parte do outro, acompanhado da sabedoria de nunca deixar de ser indivíduo único.
A consciência de que todos os relacionamentos são iguais e que o que efetivamente muda com o tempo somos nós!
Ah como eu queria ter a fórmula do sucesso nos relacionamentos!  Mas certamente ela tiraria dos casais o prazer das descobertas e o desafio que é a convivência diária! 
E talvez, pensando bem, a descoberta desta “fórmula” acabaria de vez com o maior mistério do relacionamento, que é a intimidade, que para uns é a delícia suprema a ser alcançada pelo casal, enquanto que para outros é um fantasma a ser combatidpor ser considerada como a representação da “acomodação”!
Mas é por conta deste mistério que a gente prossegue: continuamos errando, dando cabeçadas, crescendo juntos e acima de tudo, amando e vivendo intensa e apaixonadamente a deliciosa rotina nossa de cada dia!