Dizem que cozinhar é um ato de amor e eu realmente acredito nisso...e assim como todas as qualidades que possuímos, acredito também que devem ser guardadas para aqueles que realmente as merecem. Afinal, raciocinemos: tem coisa mais doce que preparar com todo carinho a comida preferida da pessoa que amamos?
Desde menina sempre gostei de cozinhar. Na realidade trata-se de um hobby, repassado por minha mãe aos seus filhos, visto que os três conseguem produzir bons resultados, cada um na sua especialidade, na arte da culinária. Mas igual a minha mãe não existe igual...ela é simplesmente maravilhosa e sempre preparou nossas refeições e prepara até hoje as comidas preferidas pelos filhos e por meu pai também!
Eu sempre cozinhei: para amigos, para a família, para estranhos, para os amores que passaram por minha vida e se tornaram desamores...e sempre achei que cozinhar para quem se ama era algo que podia ser compreendido da mesma forma como eu compreendia...mas as coisas não são sempre assim, infelizmente...nem todo mundo merece...
Um dia preparando o jantar de alguém que muito amei, ouvi dessa mesma pessoa, num ato de extrema maldade, que eu era uma mulher "que só servia para transar e cozinhar"...difícil foi entender naquela hora o porquê de tanta crueldade, difícil é até hoje compreender de onde vem tanta violência contra quem simplesmente oferece amor...
Até hoje isso maltrata...!
Afinal, alimentar, cuidar e cozinhar para que se ama deveria ser encarado por quem recebe tudo isso como um verdadeiro privilégio, uma homenagem, um puro ato de amor...!
Por conta desse episódio e somado a outras circunstancias bastante traumáticas, passei mais de um ano sem nenhuma vontade de cozinhar para mais alguém, nem mesmo para mim. Infelizmente acabei associando o ato de cozinhar a uma atitude subserviência, quase servil, beirando a idiotização.
Passei a comer fora e considerar o ato de cozinhar uma bobagem, um esforço inútil. Posso afirmar que o "estrago" foi grande, uma vez que um dos meus maiores prazeres foi sufocado pelo peso extremamente pesado da maldade humana...
Mas depois de muita ajuda e esforço, o trauma passou, bem lentamente, de modo que aos poucos, voltei a praticar um dos meus hobbies preferidos!
E passados alguns anos após aquela noite fatídica, posso afirmar que não consigo entender o que transforma um ser humano num monstro, mas acredito piamente, que se um dia o amor pode acabar, a lembrança de ter sido verdadeiramente amado, essa não passa...
2 comentários:
Espero que nunca ninguém retire o sorriso do seu rosto. Estou por aqui acompanhando tuas histórias. bjo
Rafael, você é doce, educado, inteligente e muito querido! Beijo.
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