terça-feira, 9 de outubro de 2012

O tamanho da traição


Fico prestando atenção nos casais de hoje em dia. E tenho conversado muito com muita gente. E também tenho observado um fenômeno impressionante: Meu Deus do céu, o povo adora falar de chifre, será possível? Se a gente senta para falar com as amigas, chifre. Se se assiste a novela das oito, chifre. Reunião de família? Nem se fala: chifre! Cabeleireiro???? Prefiro nem comentar...! Jogo de futebol com os amigos (não sou homem, mas tenho certeza que o assunto não é outro): chifre! É tragicômico, mas hoje em dia é cada vez mais raro se ouvir falar do casalzinho que depois de alguns anos de convivência se curte e se respeita sem o malfadado chifre!

Parece que existe uma torcida de chifrados invisíveis à espreita, esperando a chifrada crucial, o momento de se dizer ao pobre ou à pobre recém integrante do time dos cornudos o tão famigerado "eu não te disse?", só pra se ter o gosto de demonstrar que a fraqueza humana esta aí para quem quiser! E para quem já foi chifrado, saber que o time aumentou é quase um regozijo, acompanhado de um prazer quase orgásmico...”coitado!”, se pensa, mas lá no fundo, lá no fundinho da alma, pensa-se também “não foi só comigo”! Credo... o ser humano é bicho cruel!

E a coisa está séria, porque o chifre acabou sendo institucionalizado, de tão comum que é!!! Claro, pois a partir do momento que a sociedade propaga que ninguém está livre disso, “que todos os homens traem” e que “mulher gosta é de dinheiro”, ou seja, ditos popularescos de qualidade e origem extremamente duvidosos, mas que habitam o cancioneiro popular era natural que regras fossem criadas, para o popular chifre. Não acreditam?

Dia desses participando de um absurdo diálogo, com uma conhecida, ouvi as seguintes colocações:

“A gente sabe quando o homem ama uma mulher, até na hora do chifre...!” (Quer dizer que quem ama chifra...? Pode ser, né...?)

 Vocês precisavam ver a minha cara...rsrsrs. Ela continuou:

“Fá, o homem bom, quando chifra, trata a esposa como uma rainha, dá presentes, elogia e nunca traz ‘problema’ da rua pra dentro de casa”. (Nossa...que homem bom...um santo, praticamente!).

Não satisfeita, prosseguiu e eu, com a minha cara, claro, no chão, estupefata, ouvia com atenção:

 “E se encontrar com a puta na rua, vai fazer que não a conhece, principalmente se estiver com a família, é claro...isso é respeito, né? Pode apostar!” (Quanto respeito tem esse homem dentro de si: trai a esposa e se encontra a amante na rua, vira-lhe a cara, pois RESPEITA a companheira...puxa, quanta nobreza, quanto respeito!)

“É mesmo? E o homem que não ama a mulher? Como faz quando trai?” Não aguentei e perguntei. Era o mínimo que podia fazer...rssr

“Ah, esse daí é sacana mesmo: humilha, maltrata e ainda põe defeito em tudo que a coitada faz. Perde toda a consideração. Critica, some, e ainda acha a mulher feia e claro, perde o tesão pela esposa!”

Fiquei chocada. "Que mundo é esse? Acho que vou morrer só...", pensei!

Sabe gente, talvez ela tenha até razão, mas depois desse diálogo esquisitíssimo, eu me pergunto: Será que já existe uma escala gradativa para a traição? Por acaso ela ganhou níveis de gravidade ou banalidade? Será que existe a traição mais séria, classificada como caso duradouro, a de brincadeira, a passageira, aquela por esporte ou aquela que “foi só uma curtição”? A da balada?

Olha, eu posso até estar enganada, velha e ultrapassada, mas para mim, TRAIÇÃO SERÁ SEMPRE TRAIÇÃO, sem gradações, sem porquês, sem delimitação temporal, pouco importando se foi só por um dia, ou por vários anos. A gravidade é a mesma. Os estragos idem. A ferida dói de qualquer jeito, a decepção marca da mesma forma e a recuperação para quem sofreu, se iludiu e se decepcionou, é lenta e gradativa. A experiência ensina, mas traumatiza e transforma para sempre, independentemente da “intensidade” do ato.

Assim como amor, sacanagem, desprezo e paixão, traição não tem tamanho, largura, grau e intensidade. E ponto final!

E sem mais palavras pessoal: PONTO FINAL MESMO!

2 comentários:

Karlla Atta disse...

Fá, isso é grave de verdade... O assunto é moda e sempre foi, é só assistir Gabriela... Enfim, chifre é coisa seria e não é pra viver na boca do povo, pois ninguém está isento de levar e muito menos de colocar. Julgar não cabe a nós.
Querida Fábia, uma pergunta . Levar sem olhar é mais fácil de perdoar do que levar e olhar????

bjs

Unknown disse...

Prezada Carla, na minha sincera opinião, o problema o problema não se resume em olhar. O problema é saber! Concordo contigo em gênero, número e grau: ninguém está livre de levar e muito menos de colocar. Mas se for colocar, que pelo menos faça com discrição, escondido mesmo, porque expor o parceiro é sacanagem demais...! Para mim, preservar o outro é de lei, mas de preferência, ser fiel é a melhor alternativa.
Beijos, minha querida e obrigada por opinar no blog!