Oi
Fá. Tenho vivido uma situação insuportável no meu casamento. Estou quase “enfiando
o pé-na-jaca”. A única coisa que me impede de tomar uma decisão radical são
meus filhos. Sou casada há 12 anos e tenho 37 anos. Casei apaixonada e amava o
meu marido, mas já casada ele proibiu-me de trabalhar. E após a minha segunda
gravidez, descobri que o mesmo mantinha um caso há pelo menos 1 ano com outra
mulher. Depois que descobri a traição ele ainda continuou a relacionar-se com a
outra por mais 1 ano. Quando soube desse caso, tudo se acabou e apenas
permaneci casada porque não trabalhava e tinha um filho pequeno, recém-nascido,
o que foi muito sofrido para mim. Temos dois filhos, um de 7 e outro de 3 anos.
Durante esses doze anos fui uma típica dona de casa, sendo que minhas únicas
funções eram cuidar da casa, dos filhos e dele. Mas aproximadamente há 1 ano resolvi
enfrentá-lo e com muita dificuldade comecei a fazer faculdade de pedagogia, mas
desde então minha vida virou um inferno: agora ele desenvolveu um ciúme doentio
por mim, coloca defeitos em tudo em casa, implica com meus amigos e desconfia
de mim o tempo todo, já tendo insinuado que tenho um caso com um colega meu de
turma. Pedi que ele colocasse uma pessoa para trabalhar aqui em casa e me
auxiliar com os serviços domésticos, mas ele alegou que não é necessário, pois
não trabalho. Quero me separar, mas não sei o que fazer...
Minha
querida, sua história é realmente comovente pois se trata de um exemplo de
superação de adversidades. Quando você me relatou fiquei verdadeiramente
emocionada com a sua coragem, pois a sua realidade espelha a situação de
milhares de mulheres que vivem a sombra de um homem, que se enganam com a
ilusão de um casamento perfeito e que por conta disso se tornam eternas reféns
de uma união sem amor. E infelizmente a sociedade ainda consegue rotular e
discriminar a mulher que se encontra nessa situação, considerando-a conformada,
“encostada no marido”, “Amélia”, “vazia”, “preguiçosa”,
simplesmente porque esta mulher optou em dedicar-se à casa, ao marido e aos
filhos, renunciando a uma carreira
profissional. O seu caso é ainda muito mais grave: deparamos-nos com uma
proibição imposta pelo companheiro, o que a reduz a uma condição de quase escrava
do mesmo! Por mais que tente, não consigo imaginar o tamanho do seu sofrimento! É incrível como apesar de toda a emancipação feminina, ainda existem homens que entendem que o casamento os torna "donos" de suas mulheres, permitindo que eles proíbam ou permitam os rumos das suas vidas! No entanto, apesar de todos os seus problemas e decepções, já se vislumbra uma “luz
no fim do túnel” em meio ao seu sofrimento: a sua faculdade! Observe que a sua “libertação”
começa daí! Insista neste projeto, enfrente o que for necessário, mas continue
nesse caminho. Brevemente você estará estagiando, logo, logo estará trabalhando
e aos poucos conseguirá conquistar sua independência financeira. Em relação ao
ciúme doentio e as desconfianças do seu marido, só posso te dizer que ele projeta
em você um comportamento típico dele ou seja, por ter agido assim, de forma
infiel e desleal, ele não consegue compreender uma outra forma de atitude,
assim ele acredita que todas as pessoas serão capazes de agir como ele, inclusive
você. Mas se isso não te causa danos de alguma espécie, isso é um problema
dele! Se a situação se tornar insustentável, agravando-se dia após dia, comece
a pensar em libertar-se de vez dessa realidade tão limitadora. No entanto, para
“desencargo de consciência”, no decorrer da sua mudança de atitude, convide seu
marido a mudar junto com você. Se ainda assim não conseguir o apoio dele, siga
seu caminho, parta para outra mesmo, trate de criar seus filhos num ambiente
digno e saudável e aposte, sobretudo na sua felicidade! Parabéns!
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