*Essa é uma história verídica.
Ela era uma trabalhadora.
Era cobradora de uma empresa de
ônibus e durante o dia aguentava tudo calada: falta de troco, grosserias dos
passageiros, cantadas, bêbados, reclamações e até assaltos!
Mas resistia bravamente, afinal,
tinha marido e dois filhos. E as coisas não estavam fáceis, pois ele estava
desempregado e fazia alguns “bicos” para ajudar em casa.
E os meninos, que eram bons filhos,
precisavam estudar e não tinham pedido pra nascer, e ela tinha compromisso.
E assim levava o dia aguentando
toda sorte de dificuldades. E quando chegava em casa, depois de um dia de
trabalho, cumpria com zelo e paciência as obrigações de mãe e mulher.
Fazia janta, olhava as lições e
apesar do cansaço absurdo, e quando o marido estava por perto, até namorava um
pouco para esquecer a dureza da vida, afinal, ainda corria sangue em suas
veias...
Até que um dia, em meio a uma
greve do seu setor, fora liberada em razão do grande alvoroço causado na
cidade. Os manifestantes ficaram violentos e a reação da polícia, obviamente
não foi das melhores.
E como não tinha outro jeito, voltou
para casa para não arriscar-se desnecessariamente na rua. Mas ainda assim muito
preocupada com os meninos, que há essa hora deviam estar na escola.
Já que ia almoçar em casa naquele
dia, resolveu passar no mercado e comprar alguma coisa diferente para o almoço,
para dar uma alegria à família, num dia como qualquer outro...
E quando abriu a porta a vida
mudou para sempre, repentinamente.
Foi quando ela viu, que o seu
companheiro, sustentado por ela, na sua própria cama estava com outra mulher.
E naquele segundo ela relembrou
das dificuldades atravessadas, das privações, das brigas, das madrugadas
perdidas, do jantar que tinha que fazer, das crianças na escola, do crediário
atrasado, da luta diária, do sufoco para criar os filhos e cuidar do marido,
das suas cobranças, das críticas feitas
por ele sobre sua comida, seu corpo, sua aparência e sua performance na cama, lembrou também de
como andava cansada de tanta luta...
E sem pensar duas vezes,
desferiu-lhe dois golpes de faca certeiros no peito e não chorou, mesmo vendo-o
cair na sua frente. Morto.
E para a mulher, que fugira seminua
e em estado de choque só deu tempo de jurar: “Vou me entregar, mas na primeira
oportunidade que sair da prisão, volto para te matar.”.
E assim fez.
Foi num indulto natalino que
Maria do Carmo, depois de cumpridos 6 anos em regime fechado, ceou com seus filhos
e mãe, e logo que todos dormiram, saiu de casa munida de lembranças, muitas mágoas, raiva, uma promessa por cumprir e uma faca na
bolsa.
Bem calmamente procurou por sua
vítima e encontrando-a e cumpriu sua promessa na noite de Natal.
E tranquilamente retornou no dia seguinte
para a prisão, deixando definitivamente o passado para trás.
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